Um momento novo da beleza crepuscular.
A vermelhidão anunciava que o sol se despedia. Cumprira sua tarefa junto ao povo do ocidente e deslocava-se para o lado inverso do planeta, onde novo dia começava a raiar.
Nasce um novo luto porque a noite é sem lua.
Uma luz pisca, pisca, no horizonte. Um barco, talvez. Um pescador que se serve do silêncio para usar a natureza na continuidade da vida. Ou, quem sabe, namorados que se isolaram na solidão do mar, para escutar estrelas e o bramir das ondas que entoam melodia para os que têm ouvidos afinados e sintonizados com Deus.
É a voz da natureza que nos fala intermitente, mas que nunca ouvimos devido à clausura nas coisas miúdas. É a melodia do amor. Do amor intenso, que ama tudo e todos, incondicionalmente.
Para mim, apenas mais um dia. Cheio dos vazios da tristeza e das incertezas do amanhã. Dia pelo qual apenas transitei. Nada deixei, nada levei; nada ensinei, nada aprendi. Passou fugaz.
Quantos dias como este já vivi! Vazios de utilidade, de amor e de certeza.
Por que meus dias são assim ?
Enquanto hiberno, o sol trabalha. Está agora do outro lado, vivo e altivo como há pouco estava aqui. Não pára, não descansa, porque nunca está cansado. Traz-nos a vida que todos precisamos. Oferece saúde e luz às almas.
Confiro no calendário dos homens e vejo o tempo perdido. Dias, meses, anos, décadas. No entanto, bastaria um só segundo de vontade para reverter o desânimo e compreender o sol. Num átimo, poderia ser um homem novo e fazer com que parasse o tempo para sentir felicidade. Viver na intensidade do segundo e abandonar a apatia que domina o tempo inteiro. Se quiser, eu posso. Mas não sei. Preciso de alguém que me ajude e explique porque insisto em permanecer enterrado no chão, quando devo viver nos ares, nos céus, nas nuvens.
Busco uma receita que me alente e faça com que eu compreenda a simplicidade deste minuto espiritual que uso na Terra. Que eu me despoje de cargas pesadas e fúteis, descartáveis no momento da sublimação. São pesos de chumbo que me mantêm afundado e me impedem de voar. Meus melindres, minha ganância e minha inconformação. A vida não é isto, mas que posso fazer se ainda não aprendi a viver.
1 comentário
Comments feed for this article
quinta-feira, 7 abril, 2011 às 6:07 pm
Paulo Miranda Sarmento
Não sei se dá para comentar. Mas, que é um quadro triste é.
Não se admite que um jovem trabalhe, quando não está quites com o serviço militar. Porém é “protegido” quando rouba, assalta e mata. Nunca é preso, pois essa palavra é feia. Fica apreendido, como se fosse u’a mercadoria. Pouco tempo é hospedado em dependências destinadas a menores infratores. Logo adiante é solto, sem que cousa alguma seja feita para dar-lhe condições de ganhar a vida de maneira honesta. Desta forma o menor volta a praticar delitos, aumentando o número de vítimas. Há um ditado que nos ensina que cabeça vadia é oficina do diabo. Comecei a trabalhar quase aos 16 anos de idade. Frequentava, à noite, o Liceu de Artes e Oficios, fazendo o curso de admissão ao Propedêutico para a Contabilidade. Em dias alternados, cumpria com meu dever com o País, comparecendo à E.I.M. 306, Escola Militar de Instrução Militar do Sindicato dos Comerciários. Lamentavelmente acabaram com os Tiros de Guerra, em 1945, nas grandes Cidades. Lembro-me que o Clube de Regatas Vasco da Gama possuia um grande numero de futuros reservistas. Ao rufar dos tambores, ao som de comandos de um clarim, marchavam garbosamente pelas ruas, durante a noite, fazendo que pessoas comparececem às calçadas de suas casas, para assisti-los. Despertavam, em nossos corações, um sentimento de amor a Pátria. A E.I.M, na qual obtive meu certificado de reservista, não possuia muitos alunos . Mas, no trecho em que desfilávamos, partindo da Rua Sete de Setembro, em formação militar, tal qual a de soldados de 1ª. categoria, iamos até a Esplanada do Castelo, onde praticávamos exercícios de maniabilidade Éramos assistidos como muito respeito pelos transeuntes, tanto na ida e como retorno à sede. O retorno à preparação de reservistas de 2a. categoria, que é econômica para a Nação, com pessoas que podem arcar com as despesas de seus uniformes, sem necessidade de alimentá-los, bem como outras despesas de caserna; tirará do ócio inúmeros cidadãos que têm aptidão para exercer uma profissão e que atualmente encontram-se impossibilitados de fazê-lo. Aqui fica minha sugestão.