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Para a coletânea “Sonho de Feliz Cidade” do Sebo Cultural de João Pessoa.

Quase onze anos me separam do dia em que deixei a minha querida Paulicéia e vim morar nesta agradável João Pessoa, para viver mais lentamente. Para desfrutar um clima estável de uma cidade que é verde e onde tudo é logo ali. Um contraste com a minha terra, onde o longe é o trivial.

Aqui poderia trocar o transporte motorizado pelo viajar saudável com a força das pernas, ver aflorar a saúde na face, pela fluência do sangue nas artérias, porque aqui ele corre célere e sem os obstáculos provocados pelas tensões que comprimem nervos e músculos. O clima é o de sempre, sem surpresas.

Fui vivendo… Escrevi poemas e editei livros. Disse poesias em teatros, fiz programas de TV, fui aceito em academias literárias. Recebi importantes comendas e me fizeram cidadão paraibano. Ganhei amigos e fiz conhecidos. Agora já sou daqui e posso falar com liberdade. Por isso escrevi artigos para os jornais em defesa da terra e das pessoas. Participo de seus problemas e opino para que surjam  soluções.

A segunda cidade mais verde do planeta hoje está bem cuidada. Está mais bonita na sua forma exterior. Pena que não se dê o mesmo com o seu cerne, o que envolve hábitos, procedimentos e civilidade.

Há sujeira que não existiria se fôssemos politizados. Barulho que não alucinaria se fôssemos respeitadores. Comportamentos da rua e do trânsito próprios da falta de educação. Há malabares pelas esquinas, colas sob as marquises e meninas que se vendem por comida.  Isto ainda mancha a beleza da cidade.

Não me arrependo de ter mudado de vida. Deixei o progresso em troca do sossego. Troquei o primeiro mundo por anos de sobrevida (?). Hoje, aos setenta e três anos, como diz o poeta, “ando devagar porque já tive pressa”. Repito o que disse no meu livro “Tchau São Paulo”: escrevo o reverso da história; muitos iam para o sul em busca de comida e eu vim para o nordeste na procura da vida.

Embora ainda distantes da cidade feliz, podemos construí-la se evitarmos os erros das outras metrópoles e não tentarmos imitá-las no que têm de pior. Não temos a riqueza do sul, construída pelo homem, mas temos o tesouro da natureza, uma dádiva de Deus. Vivamos do turismo ecológico, não do alucinógeno.

Que Nossa Senhora das Neves nos mantenha unidos e solidários para que consigamos viver num paraíso e realizar o nosso “Sonho de Feliz Cidade”.

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Trago apenas seis linhas
colhidas da gratidão
fazendo minha alegria
nesta condecoração
na medalha merecida
no peito do meu irmão

Augusto seja o momento
a medalha o supra sumo
a Assembléia em sentimento
homenageia Caúmo
pela importância das letras
que ele traz pr’ esse mundo.

Homenagem do poeta Marco di Aurélio em 11/04/2006
quando foi concedida a mim a Medalha Augusto dos Anjos
pela Assembléia Legislativa da Paraíba, por inciativa do
deputado Rodrigo Soares, líder do PT na ALPB

Surgiu a dúvida!

Perenizar o nosso rei, seu Silva, e transformá-lo em singular monarca, dando-lhe o timão da nossa arca, para que a leve a navegar nos mares… Naqueles mares dos novos petróleos, que Deus deu ao Brasil, ao pôr os olhos sobre a agonia de uma raça triste.

Seria o real caminho, o que não deixaria mais sozinho está multidão de abandonados?

Não percam tempo com conjecturas, porque o problema não são criaturas, nem os regimes nem as ditaduras, democracias ou republiquetas, que mudam todo dia por mutretas. Caem falsos ditadores e sobrevivem outros que só sabem destruir. Defendem seus pontos de vista (políticos, religiosos, culturais) agredindo o concorrente. Que tolos. Ninguém destrói nada porque Deus reconstrói no mesmo instante. A obra divina é indestrutível. E o mundo, é divino. Mata-se a matéria, não a energia!…

Não vem da Terra a Terra prometida, porque o homem não sabe mantê-la. Cansou de receber presentes, porém, irreverentemente tudo destrói tudo maltrata e mata-se.

São assim o rico e o pobre, o pária social e o nobre que vêem importância nos seus patrimônios, conseguidos quase sempre por artes dos demônios que não respeitam nem mesmo a si próprios. Não conservam nem a dignidade porque o que importa é a notoriedade, conquistada por preços impagáveis, geralmente lesando os miseráveis e enriquecendo com seus ouropéis. Querem preparar o berço esplêndido para depois de um tempo dormir o sono dos incautos, como se este repouso os refizesse e a consciência que eles destruíram pudesse renovar-se a pleno ócio.

Há um tempo a ser vencido. Para que ele seja apressado o homem deve ser parceiro de si mesmo, não lesando os mais elementares princípios divinos que abriga em seu íntimo. É preciso ser o que ele não é: verdadeiro. Mas ele não sabe e pensa que tudo pode. Para conquistar cargos ele destrona Deus. Paira acima dos Céus. O próprio Cristo de receitas puras, já não consegue ter das criaturas o mínimo respeito, embora Ele tivesse por ofício ensinar mediante o sacrifício quando mergulhou neste vale de dor para deixar, à hora que se foi, sedimentado e bem compreendido, os mais comezinhos princípios de amor.

Não percam tempo. Ponham no governo quem quiser, deponham, cassem, elejam, reelejam, deponham. Não há saída. É irreversível. Só não está perdido, porque quem toma conta não são os governos, por mais empáfia que demonstrem. O verdadeiro comando está nas mãos divinas.

Dizem-se salvadores das pátrias, mas não salvam nem a si próprios. São ocos, como todos nós. Manipulam palavras, barganham valores, trocam interesses, servem-se dos cargos para fingirem-se de importantes. Somos todos nós um amontoado de carne, presunçosamente intelectualizados ou autodidatados sem nos dar conta de que imbecis somos todos.

Se a Lei decide, num estalar de dedos saímos daqui com a fúria do foguete espacial. Tropeçamos num degrau ou escorregamos numa casca de bananas e ficamos alienados ou imobilizados esperando a morte. Apesar dessa fragilidade, o homem não pensa nela. Sente-se imortal até que adoeça. E quando se dá conta das razões, revolta-se. Mas é tarde. Boa noite, estúpido. Durma com os anjos, se é que diabos  vão deixá-lo em paz!

Menor, muito menor, que um grão de areia
É o homem mergulhado no universo.
Mas ele, infelizmente, pensa o inverso
E assim  vai se enrolando em dura teia.

Por isso, Deus lhe fala, volta e meia:
-Por que não faz do jeito que Eu lhe peço.
Iria evitar tanto tropeço
E a vida não seria assim tão feia…!

Menor, muito menor, que a gota d’ água
Que escorre pelo pranto de sua mágoa
É este ser humano, homem tacanho.

Mas como ele é ainda um aprendiz,
Um dia haverá de ser feliz,
Quando souber, ao certo, o seu tamanho.        

Um grande incêndio grassava na mata;
A bicharada estava em alvoroço,
Chamas iam alto, a brasa um colosso…
Tempos tão duros que a todos maltrata.

Aproximando-se a ave de um poço,
Vai, num mergulho, por águas à cata,
Que traz na asa, em formato de lata,
Joga no fogo as águas do fosso.

Altiva garça que olha o vaivém,
Vendo a avezinha com certo desdém,
Logo lhe indaga de sua pretensão:

-Quer apagar o fogo assim sozinha?
-Eu, nem pensar, respondeu a andorinha,
Cumpro somente minha obrigação.

Quem muito casa e descasa,
Sem ter um amor fremente,
Não culpe os que são da casa,
Nem aquele com quem casa;
A culpa é dele, somente.

Com pouco tempo de casa,
E conduta irreverente,
Começa a arrastar a asa
Para um amor de outra casa,
Com sua lábia envolvente.

Não vê que só espalha vasa,
Por não ser alguém decente,
E qual ave, em sua desasa,
Trocando as penas da asa,
Sai a voar, de repente.

Diversas vezes se casa
Espalha filhos, contente,
Mas depois que apaga a brasa,
Acaba só, em sua casa,
Curtindo uma dor pungente.

Ante a velhice que arrasa,
Sente-se fraco e doente.
Já sem amor em sua casa,
Só espera a cova rasa …, 
A pobre estrela cadente !

A imagem acima é um risco para pintura em óleo sobre tela, de Leonardo da Vinci.
Boletim Informativo "Tribuna Literária"
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