Dizem os homens que a Lua é o satélite da Terra. Mas os poetas garantem que ela é um piercing no umbigo do infinito ou prateada tatuagem no ventre do firmamento.
Dizem os homens que a água, H2O, é uma substância líquida, insípida, inodora e incolor. Mas os poetas afirmam que ela é o sangue da Terra bombeada pelo coração da natureza.
Dizem os homens que as músicas são acordes feitos de sete notas. Os poetas, todavia, dizem que elas são a voz das almas, o som da vida e o soluçar da inspiração. São os decretos das mensagens e as leis que regem a suavidade e a harmonia.
Dizem os homens que as estrelas são sóis, planetas e cometas. Mas os poetas dizem que elas são os pirilampos dos jardins do Éden a iluminar a escuridão dos tempos, das esperanças e das utopias.
Dizem os homens que a Terra é um pequeno planeta do nosso sistema solar. Mas os poetas definem a Terra como o berço de uma família feita de almas sofridas que lutam para chegar ao seu Criador; que ela é o lar dos desgraçados que se perdem no emaranhado da sua insignificante e pretensiosa grandiosidade.
Dizem os homens que a chuva é a gota d’água que se desprende das nuvens. Os poetas sabem que a chuva é a lágrima que escorre dos olhos de Deus ao chorar de amor pelos homens. É a emoção do Pai diante do filho indefeso que ainda não sabe pensar.
Dizem os homens que o mar é grande porção de água salgada. Para os poetas o mar é o albergue dos rios que para ele correm apressados, livrando-se do jugo das margens, para ganhar a liberdade que se esconde no íntimo da sua imensidão.
Dizem os homens que dormir é repousar o corpo para refazê-lo. Os poetas
garantem que dormir é libertar a alma para que, em sonhos ou desdobramentos, ela viaje ao infinito na busca de alegrias desconhecidas e imprevisíveis. Para o poeta, o sono é a alforria do espírito que viaja na busca dos segredos do espaço para depois voltar com novas inspirações, camufladas nos sonhos muitas vezes ininteligíveis.
Dizem os homens que escrever é expressar idéias. Para os poetas, escrever é
introduzir conceitos na virgindade dos vergéis das folhas brancas e inertes, enfeitando-as de charme como a uma debutante que desabrocha para a vida no alvorecer dos quinze anos.
Dizem os homens que o trabalho serve para o sustento. Mas os poetas nos
segredam que trabalhar é enriquecer o espírito, aprimorar dons e ganhar experiência, porque transforma em sábio o homem comum!…
1 comentário
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quarta-feira, 15 outubro, 2014 às 11:07 pm
Dornélio B. Meira
– OS HOMENS E OS POETAS – ficou simplesmente ESTUPENDO!