You are currently browsing the monthly archive for julho 2008.
O mundo está um hospício às avessas;
Os loucos vivem soltos nas cidades,
Enquanto sofre o são, por trás de grades,
Adulado em lorotas e promessas…
Este é o mundo em que todos sentem pressa,
Num planeta tão fértil de maldades,
Que às vezes chego até a sentir saudades
Dos tempos de criança, bons à beça!
Sempre intento escudar-me na paciência,
Assustado com os rumos da ciência
Que vai-nos transformando nuns taroucos…,
Pois no ritmo que a vida nos conduz,
Onde a treva se abriga e afoga a luz,
Os sãos acabarão ficando loucos!
Eu fui um menino pobre,
Tomava banho em bacia,
Em São Paulo, Capital,
Na sua periferia;
Sem chuveiro e sem descarga,
Vivia uma vida amarga,
Pois nem água e luz havia.
Mas não me sinto infeliz
Por esse passado duro;
Hoje dou valor a tudo,
Trato as coisas com apuro,
Porque só sabe gastar
Quem aprendeu a ganhar,
E assim pensar no futuro.
Quando vou tomar um banho
E fico sob o chuveiro,
Não deixo a água correndo,
Eu passo o sabão primeiro,
Só depois abro o registro,
Porque sei como é sinistro
Não ter pia nem banheiro!
Também quando escovo os dentes,
Molho a escova e depois fecho
A torneira. Ela aberta
Nem por um minuto a deixo;
Só depois, para enxaguar,
Volto a torneira a acionar,
Para fazer o bochecho.
Há países adiantados
Que têm problemas com sais.
Na Holanda, pra dar exemplo,
Sofrem os pobres mortais,
Porque naquela nação,
Só existe, em profusão,
Água salobra demais.
Em Israel as lavouras
Não podem ser irrigadas;
Controlam em computador,
A água, que é gotejada,
Porque só o rio Jordão
Dá água para a nação,
Sempre seca, estorricada.
Há, no Japão, edifícios
Com dois, três reservatórios
Para reciclar a água,
E cuidar dos lavatórios;
Depois de uma vez usada,
É sempre reaproveitada
Para limpar os mitórios.
Nas nossas grandes cidades,
A água é toda tratada.
Gasta-se o flúor e o cloro,
Depois lava-se a calçada
Que devia ser varrida
E a sujeira recolhida
E não na rua jogada.
Também há outro agravante:
O custo é sempre dobrado,
Porque o líquido que entra,
Sai pelo cano jorrado,
Se o consumo de água é cem,
Dobra e paga-se também
O esgoto que está instalado.
Temos de valorizar
Os bens que a vida nos deu,
Porque o homem distraído
Ainda não percebeu
Que há tantos amargurados,
Sofrendo como uns danados,
Qual Julieta sem Romeu.
Por ter vida tão difícil
Aprendi naturalmente
A economizar os bens
E usar de forma coerente;
Por isso afirmo que as crises
São sempre meras reprises
De ensinamentos pra gente.
Ninguém está lhe exigindo
Que faça algum sacrifício,
Deixar de usar o que tem
E perder o benefício;
Só lhe é solicitado
Jamais gaste exagerado,
Porque vira desperdício…
Poesia no site da Sudema desde 2002 – Paraíba
Está morrendo a bela gameleira!…
Depois de ali pulsar por tantos anos,
Foi vítima de ataques microbianos,
Como um velho já fraco de canseira…
Na paisagem reinou sempre altaneira,
Mais serena que um monge tibetano…
Abrigou, ali à beira do oceano,
Pescadores, turistas e as rameiras!…
No seu ciclo de vida que termina,
Esta velha que um dia foi menina,
Sente findar seu tempo de agonia!
Irão cortá-la, pra não causar mal,
Mas terá campa e foto num postal,
Perenizada e plena de honraria…