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Abrindo um pouco a porta, sem ruído,
Um vulto de mulher meu sonho invade
E diz em meus ouvidos de saudade:
– Aqui estou, conforme o prometido.

– Eu sei que é tarde e que não faz sentido
Despertar-te do sono, mas quem há de
Calar em mim tamanha ansiedade
Ao ver que não estás bem, que tens sofrido!

Calou, sorriu pra mim seu riso aflito,
Depois contou do Céu, como é bonito,
Falou de Deus, louvou Nossa Senhora.

Orou, chorou, sentou-se junto ao leito,
Apertou-me, contrita, junto ao peito,
Beijou-me, abençoou-me, e foi embora!

Soneto do excelente poeta Ronaldo Cunhas Lima à Da. Nenzinha.
Jornal da Paraiba – 27/05/2012

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Já deu o progresso ao homem
Tudo o que ele desejava.
Fê-lo parecer feliz,
Muito mais do que sonhava,
Mas hoje está retirando
Tudo aquilo que lhe dava…

O celular já não fala,
O trânsito já não anda,
A justiça não defende,
O bandido é quem comanda,
É a natureza que morre
E a igualdade que desanda…

O estresse que toma conta,
Logo vira depressão…
Morre gente pela dengue
E males do coração,
Voltaram muitas doenças
Nesta “civilização”!…

As drogas dominam tudo:
As legais e as ilegais;
A polícia está impotente,
Perdendo pra os marginais,
E até o alto escalão
Só rouba, e cada vez mais!…

Não só os vírus das viroses
Nos causam preocupação,
Como o da tuberculose
Ou o da constipação,
Há também o da informática
Que é o da comunicação…

Em um lugar temos seca
Noutro água em abundância;
Faltas casas para o povo
Porque há bastante ganância
Não se liga pra velhice
Muito menos para a infância.

Quem quiser água potável
Tem de pagar muito caro.
No nordeste, a água é salobra
Porque água pura é raro
Com isso os dos carros pipa
Enriquecem, é muito claro…

Nosso velho presidente
Falou da transposição,
Mas era transpor o cargo
Para a outra na eleição,
Porque a cama foi bem feita
E entramos na enganação.

Ganancioso, o ser humano
Desmata, queima, destrói
E vendo tanta maldade
Confesso que a alma me dói,
Respirando poluição
Que até a carcaça corrói…

O jovem rabisca o corpo
Com desenhos descabidos,
Maculando o templo santo
Que há muito lhe tem servido,
Querendo agredir os outros
Sem ver que é o próprio agredido!

Como está sempre com pressa,
O homem morre nas estradas
Todas bastante inseguras,
Pois são mal sinalizadas,
E além da sua imprudência,
São todas esburacadas…

Casamentos duram pouco
E depois resta a pensão…
Quem procura um bom partido
Já tem a clara intenção
De trocar um belo emprego
Por joias, carro e mansão.

Crianças são sedentárias,
Grosseiras, cheias de manha,
Sabidas e acomodadas,
Expertas em artimanha,
Para se dar bem na vida
Crentes que isto é uma façanha!

São muito mal educadas
E seus pais incompetentes
Deixam que elas façam tudo,
Depois sofrem mais à frente,
E perguntam onde eu errei
Ingênua e cinicamente.

Os filhos mandam nos pais;
A família está acabando.
Cada quarto uma TV,
Tendo seu próprio comando,
Com câmara e note book
Vão ao mundo se ligando.

Porém no quarto do lado,
Dorme a mãe, dorme o irmão,
Que não dizem nem bom dia
Ao se verem no salão;
Parecem todos estranhos,
Como hóspedes de pensão…

Amizade de verdade
Quase já não mais existe;
O orgulho e o egoísmo
Deixam todo mundo triste
E a traição entre os amigos
É hoje o que mais se assiste!

Cultivam somente o corpo
Enfeitando-o traço a traço,
Não cuidam d’alma, que é o sumo,
Dão mais valor ao bagaço,
E o cabelo, nem se fala,
Lhes custa tanto embaraço…

O dia tem 24
Horas, porém nem parece;
A noite chega depressa,
Logo depois que amanhece
E ao homem nem sobra tempo
Para fazer uma prece!

Não sei se valeu a pena
O mundo desenvolver,
Se hoje assim como está
É tão difícil viver
Que o próprio dia de amanhã
Eu não sei como vai ser.

Enfim, como é aqui que eu moro
E sequer pago aluguel,
Não posso nem reclamar,
Pois cumprir o meu papel
É somente o que me cabe,
Confesso neste cordel…

Se você leu com paciência,
Digo-lhe muito obrigado,
Mesmo que em nada comigo
Você  tenha concordado,
Mas é só a minha visão
Do futuro e do passado…

Muito mais do que falei
Eu poderia ter dito,
Porém iria me alongar
E então este meu escrito
Não ficaria melhor
E nem mesmo mais bonito!…

Obrigado

 

 

 

 

 

 

Nas asas do vento eu deixo
Meus pensamentos voando…
Vão levando aquele sonho,
Com o qual vivo sonhando,
Esperando realizá-lo,
Mas não vejo como e quando!

Divago, bem devagar,
Nos castelos da utopia,
Onde procuro encontrar
Resquícios de fantasia,
De quando eu tinha a esperança
De ser filho da alegria…

Feliz eu sou, por que não?
Se estou inteiro de mente,
Se posso raciocinar
E caminhar sempre em frente,
Quando existe nesta viva
Alienada tanta gente!

A estrada dos pesadelos
Asfaltada de esperança,
Faz-me voltar ao passado,
Aos tempos que fui criança,
Estes sim, tempos bem duros,
Basta pô-los na balança!…

Sem asas, quero voar,
Porém a alma adensada
Mantém-me inda preso ao chão,
De carcaça extenuada,
Na suposição que um dia,
Não há de ser tão pesada…

Aproveito o tempo agora
Para emplumar minhas asas,
E só então depois seguir
Em direção a essas casas
Do paraíso que sonho,
Envolto no amor que abrasa…

Não pensem que o que aqui digo             
É mera filosofia;
Garanto-lhes que não é,
Porque é pura nostalgia
Do mundo em que eu já vivi
E anseio rever um dia!…´

Por enquanto a minha meta
É cultivar a paciência
Agarrando-me bem firme
Às promessas da ciência
Que garante premiar-me
Se eu cumprir bem a existência.

O tempo é o da natureza
Porque o meu tempo não conta;
Eu vou neste sonha, sonha,
Evitando o que me afronta,
Para que, quando eu partir,
Não fique vagando à tonta!

No canto não desafino
E nem perco a citação,
Seja manhã, seja noite,
Quando faço uma oração,
Para estar em paz comigo,
Com Deus no meu coração!

 

Não diga “não fiz por mal”,
Pois se ofendeu, por mal fez!
Tente ser mais educado
E assim, na próxima vez,
Antes de abrir a sua boca
Conte até sessenta e seis!…

Falamos o que pensamos…
A boca deixa que saia
Ofensas que traz guardadas
E poluem como a lacraia,
Espalhando sua peçonha
E usa-nos como cobaia!…

Nós somos o que pensamos;
Quem é mau não pensa o bem,
Assim como quem é bom
Do mal não vira refém…
Jamais perde a estribeira
Por bagatela ou vintém!

O que escapa de sua boca
É a expressão do pensamento;
O coração diz na fala
O que carrega por dentro
E quando deixa escapar
O mal vira sofrimento.

O “cogito, ego sum”,
Que é o “penso, logo existo”,
Deve ser bem compreendido
Para dar valor a isto
Porque nossos pensamentos
De bem e mal são um misto!…

Quando nós selecionamos
A ideia das boas ações,
Teremos muitas venturas
Alegrando os corações,
Sem temer que nossos atos
Gerem só tristes reações…

Deixo-vos aqui, portanto,
Mais este sutil recado:
Quem tem amor tem ventura;
Falta de amor é pecado…
Quem ama, com o Deus Pai,
Tem sempre  encontro marcado!

 

– O que mais temes na vida?
– O remorso, respondi;
– A ingratidão praticada,
Mentira que proferi,
Porque em mim foi registrada
E evitar não consegui…

– E da consciência, tens medo?
– Muito, muito, pois a ofensa,
Da qual sempre me arrependo,
Dói bem mais do que tu pensas
E só muito sofrimento
Deixa como recompensa!

– Quando feres, a quem feres?
– A mim mesmo, certamente
Porque em mim é que registro
Esses males, cegamente,
Que me roubam toda a paz
Dos dias que vem à frente!

– A lei de causa e efeito
Tem para ti um sentido?
– Se nada faço perfeito
Eu serei nela envolvido
Porque ação gera reação
E quando erro, estou perdido…

– Quando dou, é a mim que dou…
Se tiro é de mim que tiro…
Já disse numa oração
Um santo a que me refiro,
Pois caso eu fira alguém
Será a mim mesmo que firo!

– É muito simples, portanto,
Ajustar o mecanismo
Se trocar, enquanto há vida
O orgulho e o egoísmo
Pela humildade e bondade
Sem prender-se ao fanatismo!

Só uma lei regula o mundo:
A lei do amor infinito
Como o de Deus que não vê
Um filho feio e um bonito,
Porque a todos ama igual
Num amor amplo, irrestrito!

 

Sou-lhe grato, Senhor, por tanta ajuda,
Sem ser merecedor de tal quinhão;
Agradeço de todo coração,
Inda que eu fale por palavra muda…

Tenho fé, mas não é lá tão graúda
Que me leve a  ter sempre esta benção,
Ter a ajuda constante e a compaixão
Do Senhor em dosagem tão polpuda.

Poucas foram na vida as minhas dores
Eu que estou entre os grandes pecadores,
Dos maiores que o mundo recebeu…

Por isso é natural minha emoção;
Sou-lhe grato, meu Pai, de coração
Por tudo o que VOCÊ sempre me deu!…

 

A imagem acima é um risco para pintura em óleo sobre tela, de Leonardo da Vinci.
Boletim Informativo "Tribuna Literária"
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