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Comentário do poeta Sebastião Aires de Queiroz sobre o livro
“Quando minha alma aflora” do poeta Dornélio B. Meira.

Eis que tua alma de poeta aflora
Em ondas de belíssimas poesias,
Neste livro do qual, somente agora,
Provei das literárias iguarias.
Ao sabor de agradáveis impressões,
Faço, aqui, breves considerações,
Mostrando, pela obra, simpatias.   

És uma usina de processar versos
Bem concebidos e metrificados,
Nos seus gêneros cultos ou folclóricos,
Pelos grandes poetas consagrados,
Como o épico, o lírico e o didático,
E também o satírico e o dramático,
Inteligentemente utilizados.

Nas estruturas dos belos poemas,
Usas estrofes de vários modelos:
Terceto, quadra, quintilha e sextilha,
E as redondilhas feitas com desvelos
E as décimas são feitas com caprichos.
Não encontre em teu livro versos mixos,
Ou feitos com descuido ou desmazelos 

Nos acrósticos, sempre lapidares,
Homenageias teus entes queridos,
E preces, fervorosas e sinceras,
Diriges aos teus entes falecidos.
Fazes mensagens de agradecimentos,
Em que denotas nobres sentimentos,
Com versos de saudades envolvidos. 

Celebras, com fervor, a natureza,
Nas paisagens de imensa exuberância,
E padeces com a desolação
Das estiagens, nas cruéis constâncias;
Falas de flores e de passarinhos,
De escaravelhos que vivem sozinhos,
Na solidão da insignificância. 

Rimas o tempo com suas estações,
E relembras os “Pontos Cardeais”;
Dedicas loas à gelada Antártica,
Com soberbos cenários glaciais;
Confrontas o cérebro e o coração,
A este inocentando ou isentando
De males, culpa ou qualquer sansão. 

Há na obra lições das Escrituras,
Desde o Gênese até o Apocalipse;
Relembras violados mandamentos;
Falas de Deus, que é trino, sem ser tríplice;
De fé, de esperança e de perdão,
De salvação e de ressurreição,
E de um céu obscuro por eclipse. 

No livro há mensagens transcendentes
Que sondam as paragens do além;
Outras que indagam sobre a vida e a morte,
Mistérios que insondáveis se mantêm.
Dissertas sobre humanos sentimentos,
Nossas angústias, nossos desalentos,
E pregas sobre Deus, Supremo Bem. 

Cultos de solenes reverências,
Tributas, com amor e com ternuras,
Aos pobres, como aos órfãos e os escravos,
Desventuradas, tristes criaturas,
E aos mortos anônimos e esquecidos,
Pelas estradas da vida perdidos,
Em humildes e isoladas sepulturas. 

Vês no tempo, verdugo impenitente,
Que ceifa jovens, velhos e crianças;
Falas de tristezas e de saudades.
Enraizadas em nossas lembranças.
De perfídias e de ingratidões
Que apunhalaram muitos corações,
Mortificados em desesperanças. 

Teu candeeiro e tosco tamborete,
Símbolos da virtude da humildade,
São apetrechos pra longa jornada
No teu destino para a eternidade,
Pois que somente os corações humildes
Nela terão plena felicidade. 

Termino, aqui, minha apreciação,
Sobre teu livro denso de saber,
Na certeza de que fui temerário
Nesta resenha que ousei fazer.
Sabes bem que teu livro foi bem feito,
O prefácio de Caúmo foi perfeito –
Só lisonjas pode a obra merecer. 

22.06.2013. 

Sebastião Aires

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Vana

Para Silvana Caúmo, que virá dia 4/7/2013 visitar-me em João Pessoa

Tive um dia uma surpresa:
Apareceu-me uma prima
Que me achou pela internet
E ainda disse, por cima,
Que eu parecia o pai dela!
Vou lhes contar tudo, em rima.

Começou a pesquisar,
Pois desejava saber
Notícias sobre o pai dela,
Que mal pode conhecer,
Porque quando era menina,
Ele veio a falecer.

Com base em nomes e fatos,
Soubemos que era meu tio,
Um dos irmãos do meu pai,
Que morreu muito doentio,
E era o pai dessa moça
De tão suave feitio.

Ela ficou deslumbrada
Por saber de novidades
Do pai que mal conheceu,
Pois estava em tenra idade
E eu trabalhei com ele
Na minha velha cidade.

Ele era um açougueiro
E eu o ajudava naquela
Casa de carne em São Paulo
E depois numa “magrela”
Eu ia, de madrugada,
Entregar à clientela.

Dali eu ia pra o colégio
Ginásio Ateneu Brasil.
Ás vezes dormia na sala
Sentindo-me até febril,
Cansado da noite inteira,
Com meu esforço infantil.

Mas como compensação,
O tio sempre me ajudava
E antes de irmos pro açougue,
Na padaria ele comprava
Pizza. Um pedaço pra ele
E um  outro  que ele me  dava.

E num sábado por mês,
No dia do pagamento,
Eu comprava uma bisteca
Para ajudar no sustento
Dos pais, do irmão e do meu,
Porque era fraco o alimento.

Contei pra ela que nós
Também vendíamos pipoca,
Amendoim e pinhão,
Além de muita paçoca,
No Jardim da Aclimação
Ou em alguma biboca.

Hoje nós somos amigos,
Falamos constantemente;
Os e-mails são trocados,
O que nos deixa contentes,
Agora ela prometeu
Vir me ver mui brevemente.

Confesso que estou ansioso,
Por que, afinal, ela tem
Metade da minha idade
E embora longe dos cem,
Não sei se para passearmos
Eu vou ter pique também!

Mas seja lá como for,
Quero ver essa parente
Que nesta altura da vida
Me apareceu de repente
E quem sabe ela me aceite
Como um primo diferente!

A imagem acima é um risco para pintura em óleo sobre tela, de Leonardo da Vinci.
Boletim Informativo "Tribuna Literária"
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