Octávio Caumo Serrano – caumo@caumo.com
No dia 8 de maio passado, dia da rendição das forças do eixo, em 1945, voltei um pouco no tempo. Retornei aos meus onze anos quando fui leiteiro, padeiro, açougueiro e servente de pedreiro, época em que faltava tudo, para quem não tivesse acesso ao câmbio negro; inclusive os alimentos básicos como leite, pão, carne, açúcar e que tais. Pobre em faculdade era utopia. Na minha casa. luz só de vela ou lampião e água de poço, tirada com sarilho.
Nestes oitenta anos, vi Getúlio suicidar, Jânio renunciar, Jango ser deposto; vivi sem geladeira, internet, fogão a gás, porque não existiam. Telefone, fiquei em fila de espera 25 anos. Passei pela vida durante um tempo sem TV? Um milagre! Vi nascer a Willys Overland no ABC paulista como primeira fábrica de carros que só rico podia comprar. Vi planos e falta de planos. Coisas que até Deus duvida e não sei como sobrevivi sem computadores tablets ou celulares.
Passei pelo Plano Bresser, Plano Verão, nascimento, vida e morte do cruzado e cruzado novo, Plano Collor, o governo que roubou o povo e que hoje tem seu idealizador tratado como honrado político brasileiro. Sobrevivi à incompetência do mágico que caiu no planalto de paraquedas e deu um nó na economia brasileira que levou dez anos para desatar. Criou uma Lei universalista para nos salvar. Simples. Tirou três zeros da moeda e decretou que o dólar ficaria ao par com o dinheiro brasileiro e que a inflação seria zero. E ainda revogavam-se as disposições em contrário! Não sei por que não exportou a ideia para os miseráveis países africanos, asiáticos e latino americanos, livrando da miséria toda a humanidade terráquea. Um gênio sem lâmpada! E que se manteve importante até 2015. Uma burla, disfarçado de líder!
Assisti, in loco, quando o ex-presidente fundava CUT e PT e infernizava a vida de quem queria trabalhar. Insuflava greves e de forma agressiva invadia as empresas. Esse mesmo que fez a sucessora com 70% de aprovação e que agora não tem 10%. Foi no tempo em que o salário subia 20% e o produto acabado subia os mesmos 20%, embora salário e encargos não representassem nem metade do custo final. Assim acontece nas inflações e nas crises. Com elas rico enriquece, com elas pobre empobrece. O rico apenas lamenta e o pobre só ganha estresse.
Pobre do que usa salário mínimo em mercado. Tem razão de reclamar da crise. Rico não. A crise dele é porque seu ganho baixou de 1.000 para 999. Um enorme prejuízo; tadinho! Vai ter de mudar a marca do uísque e conformar-se por passear na Europa apenas três vezes por ano!
Jornalista e poeta
Jornal Correio da Paraíba – 15 de maio de 2015
1 comentário
Comments feed for this article
sexta-feira, 15 maio, 2015 às 4:41 pm
Dornélio B. Meira.
O Mestre tem uma memória invejável e uma vida que da para se fazer um bom filme. Alem de tudo, entende de política.Vou guardar este texto para estudo, e, para refrescar minha memória claudicante.
Gostei muito! Tem muito o que se pensar, debruçado sobre sua escrita.
LUZ E PAZ!