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É temerária a disputa
Com o poeta Caúmo.
Quem o tenta perde o prumo
Se fizer trova fajuta.

De fracasso, a melhor prova.
Que se pode oferecer
É tentar fazer uma trova,
Sem de uma quadra entender.

Surgem versos sem cadência,
Sem rima ou de “Pé-quebrado”,
Quadrinhas sem consistência
Da lavra de um aloprado,

Mas Caúmo é um professor,
Poeta muito escolado,
É mestre e mais que doutor
No repente improvisado.

Apenas para aprender,
Eu aceito o desafio,
De algumas trovas fazer
Pois de peleja não chio.

Essa luta eu vou ganhar
E nada tenho a perder,
Octávio vai me ensinar
De trovas o seu saber.

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Quem quiser fazer a trova
Terá de ter bom talento,
Pôr a inteligência à prova
E esbanjar conhecimento.

Eu pensei que fazer trova,
Fosse uma coisa à-toa,
No final as pus na cova,
Pois não sobrou uma boa.

Parece coisa tão fácil
Fazer trova de improviso,
Mas garanto que talento
Até de sobra, é preciso.

O Zé foi fazer a trova,
Dizendo: faço de estalo!
Mas fez nada, uma ova,
Logo caiu do cavalo…

Se quiser fazer a rima,
Sendo alusiva ao Natal,
Pense muito e, então, se exprima,
Ou o vexame é total.

O ano já está acabando,
Mas outro vai começar,
E pra que ele seja bom,
Não basta, apenas, rezar.

Diz o povo: Feliz Ano
Novo, pra todos vocês!
Mas é somente um engano
Que se comete outra vez!

Quem desejar ser feliz
E ver crescer a nação,
Esqueça o que o outro diz
E cumpra sua obrigação!

Minhas trovas  – Octávio Caúmo Serrano

Ouça o que tenho a dizer
porque é a pura verdade:
o sexo traz prazer,
o amor dá felicidade.

Lealdade é uma virtude
que não se consegue a esmo.
Todo homem que é sensato,
e leal consigo mesmo.

Aquele que no trabalho
vive alegre no que faz,
não fica sem o agasalho
e tem a consciência em paz.

Seja modesto rapaz,
recomendo-lhe de novo;
você cacareja mais
que galinha ao pôr o ovo.

Não seja muito orgulhoso
porque só basta um segundo
para você que é vaidoso
ver-se expulsado do mundo.

A paz é  sempre falada
todo dia, boca em boca;
muita conversa cantada
para uma prática pouca.

A Independência utopia
do grito do imperador
ainda ecoa hoje em dia,
no ouvido do sofredor.

Velho que quer ficar moço
e não ter decrepitude,
trabalhe, porque o trabalho
é elixir da juventude!

Ser idoso é natural,
mas ser velho é mau negócio;
o velho envelhece mais
quanto maior é o seu ócio…

O seu RG registra
toda a velhice da idade;
mas será coisa sinistra
entregar-se a essa verdade!…

Já dizem que velho é trapo
e se você não cuidar,
acabará qual farrapo
adoecido e sem lar!

O que importa é o interior,
De nada vale  o esboço;
por isso há jovem que é velho
e muito velho que é moço…

A exemplo de um obstetra
que traz à luz mais alguém,
ao fazer verso o poeta
traz os seus filhos do além.

Por um sadismo que espanta
o homem sempre faz isto:
em cada semana santa
mata outra vez Jesus Cristo.

Apresente desde cedo
o seu filho a Jesus Cristo,
porque Ele ensina o segredo
pra lidar com o imprevisto.

Analisem, eu insisto,
são de beleza tamanha
as lições de Jesus Cristo
no seu Sermão da Montanha.

Pilatos lavou as mãos
com Jesus Cristo à sua frente;
e hoje nós, os cristãos,
não fazemos diferente.

Jesus Cristo foi traído
pelo amigo equivocado;
hoje o cristão instruído
faz de Jesus empregado.

Judas vendeu Jesus Cristo,
mas foi por pouco dinheiro;
hoje também se faz isto
nos templos do mundo inteiro.

Do livro “Luz no Túnel” – 1998

A imagem acima é um risco para pintura em óleo sobre tela, de Leonardo da Vinci.
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