Meu presente de Natal
Octávio Caúmo Serrano – Prosa rimada.
Meu caro Papai Noel, escrevo-lhe este papel pra contar que sou feliz! Não preciso de presente, pois vivo muito contente, tenho até mais do que eu quis.
Quando eu era ainda um menino, do tipo meio franzino, eu não entendia bem… E à chegada do Natal, como um garoto normal, queria um carrinho, um trem…!
Como o pai era operário, com aviltante salário, apesar do duro embate, só dava balas de mel e sua imagem, Noel, pequena, de chocolate…
Punha você no sapato e perguntava, no ato, se eu podia imaginar, se teria acaso em mente, o que haveria de presente, me instigando a procurar…
Nas paróquias do lugar, ele também ia buscar um brinquedo de lembrança; voltava, mirando o céu, e me entregava o troféu, sorrindo como criança!
Com sua colher de pedreiro, o pai ergueu, por inteiro, o mundo em que hoje habito, pois é geneticamente, que existe em mim inerente, a força que eu me credito.
E a mãe, de alma de aço, sem aceitar o fracasso, pois seu vigor era imenso, trabalhava feito louca, lavando e passando roupa, mas sem perder o bom senso.
Hoje, acabou a ilusão; dispenso os prazeres vãos, pois tenho Deus como amigo. Meus pais foram meu presente e seus exemplos, na mente, conservo-os todos comigo.
Diante desses bens eternos – meus benfeitores paternos – dispenso quinquilharias. Pra quem tem mais que o sonhado, o resto, sofisticado, não passa de ninharia.
Não sei onde estão agora, com Jesus, Nossa Senhora, no seio do Criador; espero um dia encontrá-los e longamente abraçá-los, por tantos gestos de amor!
Tudo o que brilha e é dourado, quando não acaba quebrado, um dia vira fumaça; eu ganhei a educação, o presente que o ladrão não rouba, nem come a traça.
Nasci em um berço honesto, e uma cena que detesto é ver triste e abandonado um menor numa mansão que carrega um coração solitário, amargurado…
Console o menino rico, enquanto, Noel, eu fico, rezando como jamais…! Ele supõe ter bastante, mas falta-lhe o importante que é o carinho dos pais.
Eu já tenho o que preciso: saúde, alegria e juízo e fico grato ao Senhor! Pode levar meu presente, dê a esse rico carente, que é tão faminto de amor!
4 comentários
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terça-feira, 10 dezembro, 2013 às 3:47 pm
Fernando G. Prati de Aguiar.
Boa, Octávio. A sua sensibilidade é fantástica…
quinta-feira, 12 dezembro, 2013 às 10:51 am
Silvana Caúmo
Realmente ele tem uma sensibilidade incrível.
É algo que emociona.
Parabéns octávio, amei essa prosa rimada.
quinta-feira, 25 julho, 2019 às 4:33 pm
DORNÉLIO BARBOSA MEIRA
Mestre Octávio, andei relendo seu texto – Meu presente de natal -. Não preciso dizer que me tocou profundamente, tanto pelo seu lado quanto pelo de tantas outras pessoa e pelo meu próprio lado, pois tive também pais pobres, porem reconhecidamente honestos, trabalhadores e que doaram suas vidas por nos, seus filhos. A saudade é enorme!
Você pode se considerar o que todos os que lhe conhecem pensam ao seu respeito – UM VENCEDOR -!
segunda-feira, 29 julho, 2019 às 2:36 pm
Octávio
Obrigado companheiro. Abraço