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Eu só quis carro potente,
De luxo e apresentação,
Hoje vou neste sem rodas
E sem nenhuma tração,
Pois só anda carregado
Tendo três de cada lado
Nas alças deste caixão!…

Quis tudo do melhor tipo
Os mais novos, mais modernos,
Desses que a cada três meses
São lançamentos hodiernos
E hoje só não vou pelado
Porque me levam enfeitado
Com flores e o melhor terno…

Vou de sapato de cromo,
Deixo outros de pelica,
Que dá status e elegância
A quem se diz gente rica,
Pois ninguém pensa na hora
Que deixa tudo e vai embora
E essa ilusão aqui fica…

A lápide é de carrara
O mármore de mais luxo,
Onde vão morar aqueles
Que sempre encheram seu bucho,
Enquanto quem viveu pobre
Sente-se feliz e nobre
Por livrar-se do repuxo!…

Essa é a certeza mais certa,
Que chegará de repente,
Quando findará o orgulho
Que tomou conta da gente…
Lá na Pátria da Igualdade,
Só quem fez a caridade
Poderá viver contente!…

Vocês já ouviram falar na capital da Paraíba, a segunda mais verde do mundo e onde o sol nasce primeiro?

Pois bem. Recebemos o Boletim LITERarte, de São Paulo, editado pelo jornalista paraibano Arlindo Nóbrega, há vinte e quatro anos, onde registra a intenção de vereador da pequenina de mudar sua denominação, porque João Pessoa seria figura indigna de ter seu nome ligado à capital. Diz o Arlindo que João Pessoa pode sumir do mapa.

Que bom, Arlindo, se esse fosse o único problema… Se sumisse do mapa como João Pessoa, mas aparecesse mesmo que fosse com outro nome… O problema é que cada vez fica mais difícil chegar à nossa capital pela via expressa e prática da aviação! Nossa cidade é hoje parte da periferia da grande Recife. Diríamos um bairro de certo luxo. Brevemente, João Pessoa será incluída no city tour dos que visitam a capital de Pernambuco.

Se for nesse ritmo, voltaremos aos anos oitenta quando quem viajava do sul para Salvador, Recife e Fortaleza, aproveitava para um rápido tour opcional a fim de conhecer a Lagoa, o Farol e o Hotel Tambau, as grandes atrações da nossa Jampa!

Atualmente, quem sair de outro estado com destino a João Pessoa e pretenda desembarcar no Aeroporto “Internacional”  Castro Pinto, deve comprar passagem até Recife e preparar-se para continuar a viagem de ônibus ou táxi. Mas não se aborreçam! Logo o presidente Lula inaugurará uma rodovia moderna, duplicada, para facilitar a tarefa!… E quem não for de longe pode optar pelo carro e colocá-lo nas belíssimas rodovias que levam ao nordeste do Brasil, porque a possibilidade de viagem calma é maior e também mais rápida. Caso não beba, corre menos riscos de não chegar… E se for pessoa de fé, dificilmente será assaltada!

Há também outra opção para os abastados. Venham com seus iates e atraquem no “extraordinário e moderno” porto de Cabedelo. Mas que o iate não seja desses muito modernos que exigem grande calado, porque o porto é rasinho, rasinho!

Essas alternativas são cada vez mais a saída devido ao overbooking das companhias aéreas que assumem compromisso com o dobro de passageiros que podem transportar, para não voar batendo lata. E quando os cancelamentos das reservas são menores do que elas esperam, cada um tem de aceitar o que elas oferecem. Ou pedir indenização, passar por transtornos e aborrecimentos e, no fim, fazer acordo e receber uma merreca de consolo. 

Enquanto isso, vamos espalhando que somos a segunda cidade mais verde do mundo e que aqui o sol nasce mais cedo, para que o pessoal fique mais tempo contemplando o estado se acabar.

“I love João Pessoa!” Pena que ela também não me love!

Ajuda-me, Senhor, faz que eu me acalme
E sossegue este velho coração;
Permita que eu consiga, e me desarme,
Controlando esta louca irritação!…

Já me sinto beirando a depressão…  
O sino interno deu um longo alarme,
Eu sofro uma terrível constrição
E é muito sério, nada tem de charme…

Não consigo viver com alegria,
Pois tenho um mau humor intermitente
Sem ter paz por, ao menos, um momento!…

Hoje vivo uma intensa nostalgia,
Com meus atos beirando o irreverente,
Pois não mando, sequer, no pensamento!

É pungente, confesso, a vocação
Dos políticos que há na minha terra,
Quando espalham vigor e o peito berra
Pelas ruas, nos tempos de eleição!…

Alimentam só a preocupação
De ver seu povo aflito, que hoje erra,
Sair um vencedor, ganhar a guerra
Contra a desigualdade e a aflição!

Despendem sua fortuna, se preciso,
Chegando até a empenhar o próprio juízo,
Tudo isso em benefício da bondade!…

Não há em nenhum segundas intenções,
A não ser acalmar os corações
Deste povo e lhe dar felicidade!…

Há momentos que o homem nesta vida
Já se mostra um tanto preocupado:
É quando seu valor enquanto vivo
É menor que se fora sepultado!…

Ninguém faz um seguro em seu favor,
Mas sim para um herdeiro. A garantia
De que vai deixar tudo  a quem ficar,
Faz da morte uma grande economia…

Aquele que está morto não reclama,
Não come, não se enferma e nem se veste,
Por isso é que o dinheiro vale o dobro
Para quem vai ficar e nele investe…

Se sua conta bancária está engordada
Também há olhos gordos no dinheiro;
E seu carro moderno e a casa grande,
Também sofrem a cobiça de um herdeiro.

Prefiro, ante o exposto, ser um pobre
Que vai vivendo o tempo intensamente,
Sem pensar em fazer economias
Para ter de deixá-las de repente…

Lutei, e foi já desde os nove anos,
Para ter no final algum conforto,
Por isso quero ter o meu valor
Enquanto vivo e não depois de morto!…

A imagem acima é um risco para pintura em óleo sobre tela, de Leonardo da Vinci.
Boletim Informativo "Tribuna Literária"
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